EDITORIAL

O JORNAL Notícias celebrou, a 15 de Abril, 98 anos de existência, uma oportunidade de reflexão e renovação do compromisso de continuar a “informar o público para o esclarecer, para lhe dar notícias de todas as espécies e de todas as origens”, como, aliás, vem explicitado no primeiro editorial deste quase centenário matutino.

Vale a pena recordar que, historicamente, este jornal foi fundado pelo Capitão Manuel Simões Vaz, numa altura em que o Moçambique colonial vivia momentos que prenunciavam tempos mais difíceis, com o advento da ditadura em Portugal, o que significa que foi um grande desafio da parte do mentor querer ter uma publicação comprometida com a verdade.

Com efeito, diversos actos marcaram as festividades do aniversário do jornal, mas podemos destacar a apresentação das novas instalações da redacção; lançamento da SN Editora, uma nova marca com a missão de coordenar a edição e publicação de obras literárias, incluindo livros didácticos e revistas; a realização da 10ª Reunião Nacional da Sociedade do Notícias, um encontro que junta gestores da empresa a todos os níveis.

Em vários momentos destas comemorações, nós como jornal e como Sociedade do Notícias, no geral, sentimo-nos bastante acarinhados pelos parceiros e leitores que nos foram enviando mensagens de felicitações. A todos vão os nossos agradecimentos pelo calor que nos quiseram emprestar.
Retomando o fio do pensamento, dizíamos que os 98 anos deste jornal são uma ocasião para voltar a assegurar aos nossos leitores que o “Notícias” mantém a bússola na longa caminhada de informar e formar.

De igual modo, os profissionais desta casa jamais se vão desmobilizar da missão de produzir e oferecer aos seus leitores conteúdos responsáveis e de qualidade, porque elaborados em conformidade com os ditames da ética e da deontologia profissional, onde a verdade prevalece sobre a especulação, calúnia, intriga ou devassa da vida privada.
Queremos, como jornalistas do ”Notícias”, garantir que nada nos fará mudar do nosso rumo de continuar a informar com isenção, com responsabilidade e com ética, até porque a longevidade deste jornal é prova de que em vários momentos históricos soube posicionar-se para reportar com toda a responsabilidade que lhe é característico.

Aliás, em 98 anos de existência, este jornal testemunhou desde as brutalidades do colonialismo; nacionalismo que conduziu à independência; a guerra dos 16 anos e chegada da paz até às primeiras eleições multipartidárias.
Chegados aqui, vale a pena relembrar o nosso ADN traduzido neste excerto do primeiro editorial:
“Ficaríamos, porém, de mal com a nossa consciência, se não fizéssemos também um aviso. Dirige-se ele aos leitores que procuraram num jornal a verrina forra, o insulto vil, o escândalo, verdadeiro ou inventado, a denúncia degradante, o ataque pessoal, a crítica violenta, discussão irritante, a esgrima de palavras, a linguagem desbragada, a insinuação torpe, a acusação infame, a campanha de descrédito, a ‘chantagem’, a defesa de interesses inconfessáveis, essas mil e uma coisas do mesmo género que infelizmente tanta gente aprecia e lê com entusiasmo e prazer.  Este aviso é simples e sincero: meus senhores, não leiam mais este jornal”.