Sexta-feira, 22 Novembro, 2024
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VENÂNCIO MONDLANE E O TERRORISMO: Abordagem deve incidir sobre diálogo e acção militar

Por Jornal Notícias
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VENÂNCIO Mondlane, candidato à Presidência da República, afirma que a situação em curso na província de Cabo Delgado não é propriamente terrorismo, mas sim, em termos de conceito, é insurgência.  

Na entrevista concedida ao “Notícias”, à Rádio Moçambique (RM) e Televisão de Moçambique (TVM), Venâncio Mondlane lamenta a perda de vidas humanas e a destruição de infra-estruturas socioeconómicas importantes na charneira do desenvolvimento causadas por estes indivíduos.

“O terrorismo clássico tem um corpo doutrinário consistente, conhecido e permanente. Tem também uma ideologia que o define. Em relação a Cabo Delgado, a questão doutrinária ou do recurso ao fundamentalismo islâmico é episódico, não é uma coisa constante e nem consistente. E os estudiosos disso estão cada vez mais a criar a convicção de que não é propriamente terrorismo, mas uma insurgência”, comenta.

Sendo insurgência, refere que este fenómeno deve ser encarado de forma diferente, olhando para uma abordagem consentânea com a própria história do país, sobretudo, para um tipo de acontecimentos idênticos ao que aconteceu com a Renamo.

Anota ainda que, em caso de vitória nas próximas eleições, garante que terá uma abordagem diferente em relação a Cabo Delgado.

 “Primeiro, é preciso a identificação das lideranças, que não vai ser difícil. Eu arrisco em dizer que os nossos serviços de inteligência conhecem as lideranças da insurgência em Cabo Delgado. E dados disso são públicos”, disse.

A segunda abordagem proposta por Venâncio Mondlane reside na necessidade de ter que se encontrar mediadores para o contacto com essas lideranças da insurgência. E um terceiro elemento é a identificação do caderno reivindicativo deste grupo. Se assim for, diz, será fácil compreender o fenómeno e se firmará uma consciência clara sobre o real problema existente em Cabo Delgado e o que pretendem os seus mentores.

Identificados estes três elementos, Mondlane diz concordar que se avance para uma outra abordagem que é uma plataforma negocial e de diálogo. “Fora do diálogo, temos ainda a componente militar, que não podemos descurá-la porque o conflito existe e não há que parar porque estamos abertos ao diálogo”, frisa.

Na dimensão militar, o candidato presidencial olha para a reforma completa dos serviços de inteligência que, na sua óptica, estão a mostrar-se desadequados para este tipo de conflitos. A segunda  esfera, na sua visão, é a reforma das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e a terceira, diz respeito à cooperação militar com os países amigos. “Se há desadequação das Forças Armadas, então nessas operações de cooperação, fazemos uma integração completa dos nossos militares, dos quadros das Forças de Defesa e Segurança (FDS) nas operações dirigidas por estas forças estrangeiras que se acham competentes e qualificadas. Se fizermos essa integração para a passagem de tecnologia, conhecimento e adequação, penso que a médio e longo prazos podemos ter sucesso”, afirma.

 Mondlane sublinha a necessidade de uma reflexão sobre a política social na qual estão integradas as comunidades e os próprios militares, com programas de desenvolvimento local consistentes de curto, médio e longo prazos que incluem investimentos financeiro forte no capital humano e social.

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