Terça-feira, 1 Outubro, 2024
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RD CONGO: Mais de 24 mil mulheres vítimas de violência sexual

Por Jornal Notícias
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MAIS de 24 mil mulheres e raparigas foram vítimas de violência sexual em 2023 na República Democrática do Congo (RD Congo), a maioria delas no Leste do país, dominado por conflitos, denunciou ontem a Médicos Sem Fronteiras (MSF).

Perante a gravidade da situação, a ONG apela a “acções urgentes”, a nível nacional e internacional, para prevenir o fenómeno.

No ano passado, as equipas de MSF na RD Congo “ajudaram a tratar 25.166 vítimas e sobreviventes de violência sexual de todos os géneros no país. São mais de duas por hora”, afirmou a ONG em comunicado, referindo que as mulheres e as raparigas representavam 98 por cento destas pessoas.

Este número é o mais elevado alguma vez registado pela MSF no país, de acordo com dados de 17 projectos criados pela organização em apoio ao Ministério da Saúde em cinco províncias congolesas: Kivu do Norte, Kivu do Sul, Ituri, Maniema e Kasai Central.

Nos anos anteriores (2020, 2021, 2022), a MSF tratou uma média de 10 mil vítimas por ano no país, pelo que 2023 marca “um aumento em massa de admissões”.

Essa tendência acelerou-se nos primeiros meses de 2024. Segundo a ONG, entre Janeiro e Maio, mais de 17.300 vítimas e sobreviventes foram tratados apenas na província do Kivu do Norte, que tem sido abalada pela violência de grupos armados e do exército congolês.

Noventa e um por cento das vítimas tratadas com assistência de MSF em 2023 foram admitidas no Kivu do Norte, onde os combates entre o Movimento rebelde 23 de Março (M23), o exército congolês e seus respectivos aliados se registam desde o final de 2021, forçando centenas de milhares de civis a fugir.

A grande maioria das vítimas (17.829) foi tratada em campos de deslocados internos em torno de Goma, capital do Kivu do Norte, que continuaram a crescer no ano passado.

A ONG apelou a todas as partes envolvidas no conflito para que garantam o respeito pelo direito humanitário internacional e exigiu uma “proibição absoluta de actos de violência sexual”, mas também o respeito pelo carácter civil dos campos de deslocados.

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