Sexta-feira, 4 Outubro, 2024
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EDITORIAL

Por Jornal Notícias
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O PAÍS celebra hoje, 4 de Outubro, o 32.° aniversário da assinatura do Acordo Geral de Paz (AGP), que pôs fim a 16 anos de guerra movida pelo ex-movimento guerrilheiro, a Renamo, contra o Governo. O documento foi rubricado, do lado do Executivo, pelo então Presidente da República Joaquim Chissano e, da Renamo, pelo malogrado líder deste partido, Afonso Dhlakama, depois de um longo processo negocial, facilitado por mediadores.

Oficialmente, as negociações duraram dois anos, e envolveram as delegações do Governo e da Renamo, chefiadas, respectivamente, por Armando Guebuza, então ministro dos Transportes e Comunicações, e Raul Domingos. A nível dos mediadores, coube à Comunidade de Sant’Egídio, Itália, hospedar, em Roma, os negociadores, limar as suas posições díspares e levá-los ao consenso sobre o imperativo do fim da guerra.

Não foi percurso fácil, reconheça-se. O conflito causou, em 16 anos, um milhão de mortos e milhares de deslocados e refugiados. O tecido social ficou completamente desestruturado e a economia era, basicamente, de guerra.

Porém, atendendo aos apelos de vários sectores, incluindo a população e comunidade internacional, as partes predispuseram-se a alcançar a paz para o bem do país, validando o princípio axiomático de que os moçambicanos eram (e são) capazes de resolver, eles mesmos, os seus problemas.

O AGP abriu espaço para a realização das primeiras eleições multipartidárias em Moçambique, em 1994, e ampliação e gozo dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos, incluindo o direito à participação política através do voto. De lá a esta parte, o país realiza regularmente eleições, como manda a lei, e efectua emendas pertinentes na sua Constituição, consoante as dinâmicas do processo político.

Infelizmente, durante os 30 anos de realização de eleições multipartidárias, os moçambicanos testemunharam episódios tristes e enfadonhos que, em algum momento, causaram desespero, sinalizando o regresso às hostilidades. Valeu, para que isso não acontecesse, a vontade e determinação dos próprios moçambicanos de preservar a paz e defendê-la contra as forças do mal.

A paz é a condição “sine qua non” para o desenvolvimento. E todos, acreditamos, querem o desenvolvimento, liberdade e prosperidade para a sua própria dignidade. 

Lamentavelmente, pessoas com inveja, inimigas do sucesso e das nossas conquistas como povo tentam, desde 2017, impedir o usufruto da liberdade e prosperidade, fomentando o terrorismo em Cabo Delgado, justamente onde ocorrem recursos naturais preciosos, como petróleo e gás. O terrorismo é uma real afronta ao povo moçambicano, sua soberania e existência, por isso, deve ser por todos condenado e combatido.

O 4 de Outubro, também conhecido como Dia da Paz e Reconciliação, assinala-se este ano num mês de eleições. Actualmente decorre a campanha de caça ao voto, já na recta final.

Os actores estão no terreno, a jogar a última cartada, e o balanço não é assustador, até aqui, relativamente aos processos já realizados, como as eleições autárquicas de 2023, o que pode ser sinal de que o sufrágio de 9 de Outubro, já na quarta-feira, decorrerá de forma por todos almejada.

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