Recreio e Divulgação “A CEGUEIRA DO RIO”: Mia Couto resgata memórias esquecidas Por Jornal Notícias Há 2 meses Criado por Jornal Notícias Há 2 meses 946 Visualizações Compartilhar 0FacebookTwitterPinterestEmail 946 O PASSADO continua a inspirar Mia Couto, escritor que quinta-feira lançou “A Cegueira do Riso”, ambientado no Niassa, no longínquo ano de 1914, quando se dava início à Primeira Guerra Mundial, um dos maiores conflitos da história global. O autor inspira-se num episódio real de um ataque a um posto português, que resultou na morte de onze moçambicanos e um português. Explora o esquecimento sistemático da história. Falando sobre o processo de produção da obra, Mia Couto disse que, embora a sua narrativa esteja centrada no passado, a mesma reflecte a actualidade, “pois o passado continua a influenciar o presente”. Mia Couto descreve o narrador de “A Cegueira do Rio” como uma voz que procura mediar diferentes lados em conflito, propondo pontes e soluções pacíficas, o que considera ser algo necessário no mundo actual. Usa Moçambique para realçar o papel do diálogo na resolução de conflitos, afinal, após a guerra dos 16 anos, as partes em conflito não encontraram outro caminho além de sentarem-se à mesa e negociar a paz. “Houve uma conversa entre gente que se matou, que esteve em guerra total, mas consegue hoje estar sentada no mesmo parlamento, discutindo, politicamente, e não militarmente. Então, acho que esse caminho nos deve orgulhar”, exemplificou. Segundo o autor, a obra reflecte a pluralidade de vozes e memórias, onde até aqueles que não teriam tradicionalmente um papel central podem ter a sua perspectiva valorizada. “Essa é, digamos, a primeira vez que ensaio uma técnica desta, evidentemente, ela já existe e outros pegaram nela, mas, para mim, foi um grande prazer, não só dar voz aos que não têm voz, mas fazer com que eles tomem posse da narração”, considerou, acrescentando haver na obra várias abordagens deste país que vai enfrentando os seus dilemas no tempo. A propósito dessa afirmação, Mia Couto revela que sempre termina um livro com a sensação de ser o último, como se tivesse esgotado todas as suas forças criativas. “Sempre aconteceu o mesmo quando era mais jovem. Quando acabo um livro, penso que é o último, já não tenho mais folgo, eu escutei-me ali. Mas depois, passados alguns dias, há este processo simbólico de matar as personagens e eu tenho de as matar, senão elas não me largam”, explicou. “A Cegueira do Rio” é um livro patrocinado pelo Moza Banco, numa parceria institucional que vem há já alguns anos com a Fundação Fernando Leite Couto. Será apresentado pelo escritor Daniel da Costa num evento que terá momentos de leitura e performance com Negro, Rita Couto e Letícia Deozina. Mia Couto nasceu na Beira, a 5 de Julho de 1955. Foi jornalista e professor. Actualmente é também biólogo e está traduzido em diversas línguas. Leia mais… Você pode gostar também Roubada placa da rua Dilon Djindji “Let’s Party” de Stewart Sukuma recorda vibração dos anos 70 BERTINA LOPES (1924-2012): Homenageada pioneira da pintura moçambicana Sabedorias ancestrais em exposição CEGUEIRA DO RIOMIA COUTO Compartilhar 0 FacebookTwitterPinterestEmail Artigo anterior Iniciativa “Putos da Zona” promove talentos da periferia Próxima artigo “LER PARA CRESCER”: Leitura alerta crianças sobre abuso sexual Artigos que também podes gostar Sabedorias ancestrais em exposição Há 3 dias Memorando fortalece actividade cultural Há 4 dias Kool & The Gang não vai actuar em Maputo Há 6 dias Selma Uamusse canta no tributo a Sara Tavares Há 6 dias Clésio Jonaze aborda o amor em “Blues for My Angels” Há 7 dias Eventos culturais novamente adiados Há 1 semana