Quarta-feira, 16 Outubro, 2024
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ALDINO LANGUANA: Núcleo D’Arte precisa de uma reestruturação

Por Jornal Notícias
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LUCAS MUAGA

COM mais de um século de existência, o Núcleo D’Arte, com sede na cidade de Maputo, é uma das associações artísticas mais antigas do país. Fundada em 1921, com o objectivo de promover e estimular o gosto pelas artes plásticas, a agremiação desenvolve até hoje, em simultâneo, disciplinas como pintura, escultura, cerâmica, fotografia e dança, num espaço onde se instalou a partir de 1936.

No entanto, apesar da sua rica história e relevância, o espaço encontra-se quase estagnado, precisando de uma reestruturação interna urgente, bem como de maior reconhecimento do Governo e público em geral.

Este é inclusive um dos pontos fortes da nova direcção da casa, presidida pelo artista plástico Aldino Languana, que, a propósito, concedeu recentemente uma entrevista ao “Notícias”. A conversa aconteceu naquele espaço centenário que pela sua história e importância reivindica, há algum tempo, o estatuto de Património Cultural Nacional.

Esta batalha, a ser agora travada pela nova direcção, é antiga e deverá conhecer novos contornos nos próximos três anos, tempo que dura um mandato, de acordo com os estatutos do Núcleo. Refere que cabe ao espaço contactar as autoridades para reivindicar este reconhecimento.

Aldino Languana, novo director do Núcleo D’Arte

“Acredito que o Governo sabe que o Núcleo D’Arte existe, que é uma instituição centenária. Mas somos nós que temos de nos aproximar dele”, considerou. Para Languana, este é um dos exemplos que o levam a reconhecer que o Núcleo D’Arte ainda está longe de atingir o seu potencial máximo. Na sua opinião, apesar de a agremiação ser conhecida além-fronteiras, especialmente pelo seu papel no fornecimento de artistas talentosos a diversas galerias, a mesma continua a enfrentar dificuldades estruturais e financeiras.

“Fornecemos artistas para as outras salas, mas a nossa casa continua moribunda”, lamentou, acrescentando que a associação não tem fundos para o seu funcionamento  pleno, estando assim desafiada a criá-los.

A principal prioridade de Languana é organizar o núcleo internamente, especialmente sob ponto de vista administrativo. Enfatiza, por exemplo, a necessidade de haver clareza sobre o número real de membros.

Estima, por exemplo, que haja cerca de 600 artistas inscritos, dados que não correspondem à realidade, porque alguns faleceram ou deixaram de exercer a profissão. “Então podemos rever este número, até porque achamos que, em termos de aceitação, estamos num nível muito bom. Há muita adesão”, disse.

Neste sentido, é urgente saber quem paga quotas e restabelecer parcerias com empresas que apoiavam a instituição. “Em termos de quotas estamos mal, posso assim dizer, embora se pague um valor muito baixo, 50 meticais mensais ou 600 meticais anuais. Estamos com um problema, é que se não fizermos nada, de facto não vamos incentivar os nossos colegas a pagarem quotas”, avançou.

Languana propõe que o núcleo participe em concursos para obter grandes fundos internacionais, dedicados a apoiar instituições culturais. Assim afirma porque, internamente, o patrocínio é raro.

A solução, segundo o presidente, passa por criar actividades que tornem o Núcleo D’Arte uma instituição auto-sustentável, evitando assim depender de patrocinadores. “Eu mesmo, que estou na arte há muitos anos, nunca tive financiador”, comentou.

Referiu que o caminho é contribuir com iniciativas que atraiam mais público para aquele espaço cultural e que, consequentemente, tragam benefícios financeiros à instituição. Agindo desta maneira, acredita, com o tempo, os patrocinadores vão aparecer voluntariamente.

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