Terça-feira, 22 Outubro, 2024
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CÁ DA TERRA: Violência gerará sempre violência

Por Jornal Notícias
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O PAÍS acorda hoje sob o manto da incerteza com uma grande possibilidade de mistura de políticos e “arruaceiros” que pretendem usar “o povo no poder” como arma de arremesso, dada a percepção por parte de alguns outros de que as ideias e a irreverência devem ser levadas ao seu extremo.

Nos dias que correm testemunhamos o coro de apelos para uma greve que por experiências anteriores, podem estar prenhes de desvios e apropriação indevida deste acto em si.

A questão que se coloca é básica. O povo, tem que ficar de fora disso, porque ele é contra a violência e consciente das suas responsabilidades.

Os políticos também deviam, pela sua capacidade de influenciar as pessoas, estar conscientes que uma mera palavra mal contextualizada ou mal entendida pode levar os jovens à perdição.

Os políticos devem sim mostrar o caminho certo, mostrar como não se faz e como se deve fazer, compreender, enquanto mensageiros por um país melhor.

A herança de plena desconfiança de tudo e todos, que aparentemente esteve hibernada durante quatro longos anos, volta a manifestar-se, cada vez mais virulenta, acirrando preocupações sobre o futuro quase imediato.

As nossas práticas, princípios e perspectiva singular da política, assim como as equações sociais nos quais militantes e simpatizantes transitam, carece ainda de apuramento para induzir uma plena participação dos cidadãos na condução dos seus destinos sem violência.

É preciso recordar a uma grande franja de pessoas que tem um dever para com esta nação.

Enxergamos o mundo da política que mais contribui para a expressão de reivindicações fora do quadro democrático comummente praticado e vivido como definição e herança de países com tradição neste tipo de eventos.

A desconfiança não soa como um defeito, mas como uma garantia de sobrevivência a qual muitos dos nossos se socorrem, dada a sua visão de um mundo repleto de traição, dum ponto de vista de que em toda a acção há sempre segundas intenções, que há sempre quem está a tramar algo.

Infelizmente, os nossos processos, porque baseados na desconfiança generalizada, são por isso desgastantes e podem facilmente multiplicar algum rancor e mágoa, perspectiva que não traz paz e agudiza divisões.

Aprendi que o nosso país é abençoado e que nós também somos por natureza propensos à busca contínua do bem.

Há que saber o que é ser atraiçoado pelo desespero para não apostarmos numa nuvem negra, capaz de sugar todo o ânimo e tornar a felicidade, por mais fugaz, um sentimento impossível.

A centelha de esperança que conseguimos preservar, mesmo nos momentos mais sombrios, deve servir de farol para sobreviver à tempestade.

Salvo melhor entendimento, greve é a cessação colectiva e voluntária do trabalho por trabalhadores com o propósito de obter benefícios, como aumento de salário, melhoria de condições e etc.O que foi convocado para hoje não parece reunir estes requisitos.

Não me compete censurá-los por isso, pois o recurso à greve deve ser uma prerrogativa das profissões. O que me parece, porém, é que esta “greve” só pode interessar os políticos e, certamente, esses não estarão dispostos a dar o seu apoio àquela mamana que depende do suor de sol-a-sol para ter o que comer no imediato.

Essa greve vai resultar inútil, porque vai matar o nosso povo à fome, expó-lo à violência, daí pode ser que não e até concorra muito para a solução da principal reivindicação, mas sobretudo para agudizar as diferenças e a desconfiança.

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