Sexta-feira, 15 Novembro, 2024
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Mais de 300 alunas engravidadas

Por Jornal Notícias
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TREZENTAS e quarenta alunas que frequentavam vários níveis de ensino no distrito de Quelimane desistiram de estudar nos últimos nove meses deste ano devido a gravidezes precoces. As autoridades de educação no distrito de Quelimane dizem que do levantamento feito constatou-se que a maior parte das alunas que desistiram de estudar são de famílias que enfrentam dificuldades para sustentar os seus filhos.

Assim, as adolescentes e raparigas estão mais vulneráveis para iniciar relações sexuais para satisfazer as vaidades típicas da juventude, como, por exemplo, ter telemóveis modernos, roupa de moda, dinheiro, entre outros bens materiais.

Estes dados foram partilhados há dias pela técnica de Unidade de Género da Direcção Distrital de Educação em Quelimane, Inês Saize, quando abordada pela nossa Reportagem para fazer o balanço das actividades daquela unidade.

A fonte disse que as gravidezes precoces decorrentes das dificuldades financeiras dos pais e encarregados de educação estão a comprometer seriamente os programas de alfabetização da rapariga, o que pode representar no futuro um fardo social que pode agudizar a pobreza feminina a médio e longo prazos.

A fonte disse estar feliz e, ao mesmo tempo, preocupada.

“Estou feliz pelo facto de nenhum professor estar envolvido nos casos de gravidez precoce, mas preocupada porque o percurso estudantil  das adolescentes e raparigas fica comprometido”, afirmou.

Explicou que, como mulher, sente dor ao ver uma rapariga com potencial intelectual a não concluir ciclos porque engravidou ou os pais não têm capacidade financeira para sustentar os seus estudos.

“O Governo tem-se esforçado para buscar respostas a esta e outras preocupações que as adolescentes e raparigas enfrentam, como, por exemplo, através da implementação do programa SOU CAPAZ”, frisou.

A nossa entrevistada reconhece também que o problema de gravidezes precoces e consequente desistência escolar não é apenas das regiões recônditas ou rurais do distrito de Quelimane, mas também ocorre no meio urbano.

Inês Saize explicou que no meio urbano os casos são preocupantes visto que é onde há estabelecimentos comerciais que vendem o que a rapariga mais procura para satisfazer as suas necessidades.

O sector da Educação tem vindo a trabalhar com os parceiros, nomeadamente, os projectos N’weti, Núcleo das Associações Femininas e Coalizão com a pretensão de reduzir os casos de gravidezes indesejadas e desistência escolar. Aquelas instituições disponibilizam serviços e informações úteis sobre métodos de prevenção bem como incentiva-as a adiarem o início da actividade sexual.

A Unidade de Género da Direcção Distrital de Educação em Quelimane está, neste momento, a trabalhar no estudo sobre quantas raparigas entram para um certo nível e quantas concluem o ensino.

Foto: Arquivo

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