Quarta-feira, 18 Dezembro, 2024
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Megaprojectos ressentem-se

Por Jornal Notícias
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A SEMANA passada foi marcada por uma escalada de protestos, para um nível preocupante para a economia nacional, afectando directamente os megaprojectos, com um peso assinalável no Produto Interno Bruto (PIB).

As multinacionais são responsáveis por mais de 70 por cento das exportações de Moçambique. A fundição de alumínio (a MOZAL), a petroquímica Sasol e a Kenmare, que explora areias pesadas são disso um exemplo.

Há dias, um grupo de manifestantes da localidade de Topuito, no distrito de Larde, província de Nampula, invadiu o estaleiro da mineradora irlandesa Kenmare, que explora  areias pesadas em Moma.

Os manifestantes impediram que a avioneta, que transporta trabalhadores e o executivo da empresa, pousasse no aeródromo local.

Relatos no local referem que as principais vias de acesso à mina e ao acampamento da empresa estavam bloqueadas pelos protestantes apoiantes do candidato presidencial Venâncio Mondlane.

Eles obrigaram o administrador e o director-geral da Kenmare a rubricarem um acordo de compromisso para acelerar a construção da ponte sobre o rio Larde, infra-estrutura considerada crucial para a população local.

A Kenmare é uma das multinacionais que soma lucros avultados em Moçambique, com dados apontando que só no ano de 2023, a empresa facturou 27,5 biliões de meticais com as suas operações.

Na mesma semana, um grupo de residentes no município da Matola decidiu fechar totalmente a estrada que dá acesso ao Parque Industrial de Beleluane, onde está situada a MOZAL, empresa produtora de alumínio responsável por parte significativa do total das exportações de Moçambique.

Os manifestantes decidiram colocar barricadas e queimar pneus na via que faz nó com a Estrada Nacional Número 4 (EN4), principal via utilizada pela empresa MOZAL para transportar alumínio da fábrica ao Porto de Maputo e para os mercados de exportação.

Os trabalhadores foram forçados a usar vias alternativas para se deslocarem, sem deixar de lado as longas caminhadas que tiveram que enfrentar.

A Mozal é um empreendimento conjunto de fundição de alumínio no Parque Industrial de Beluluane e faz parte dos “megaprojetos” em Moçambique.

A empresa está vocacionada à produção de alumínio, exclusivamente, para os mercados de exportação, 578 mil toneladas e já foi responsável por mais de 50% do peso das exportações.

Para melhor explicar o risco que a nova fase dos protestos representa para o país, o economista Egas Daniel esclareceu que as multinacionais representam parte significativa das exportações, apesar da pouca contribuição nas receitas internas.

Para o economista, apesar dos megaprojectos contribuírem pouco para o desenvolvimento das comunidades locais, o ataque aos empreendimentos pode desacelerar o crescimento do PIB, situação que seria catastrófica para o crescimento económico.

Alerta que as exportações estão concentradas nos megaprojectos porque são a base para a obtenção de divisas, moeda estrangeira necessária para cobrir as importações.

“No dia em que a Mozal, Vulcan, Eni, Kenmare, Sasol e tantas outras empresas não exportarem por causa do contexto político adverso, certamente que teremos pressões no nosso câmbio, que neste momento é artificial”, vincou. (AIM)

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