Quarta-feira, 18 Dezembro, 2024
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BELAS MEMÓRIAS: Fragilidades!

Por Jornal Notícias
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AS FRAGILIDADES fazem parte das nossas vidas. Aliás, a vida é marcada por muitas coisas, entre as boas e as más, com ganhos e perdas, conquistas e derrotas, momentos fortes e de fraqueza.

Gostaria de falar de boas coisas, mas infelizmente as más teimam em sobressair, de tão abundantes que são. De entre as que me vêm em mente, tenciono filtrar ao máximo de modo a puxar pelas menos más, a exemplo das peripécias da minha recente ida a um centro comercial.

Usei, obviamente, a porta frontal, como uma cliente decente que pretendia comprar algo. Até aí estava tudo normal. Só que instantes depois, a coisa mudou de figura quando, bruscamente, fui obrigada a abandonar o estabelecimento em debandada, pela porta dos fundos, como se de intrusa se tratasse.

Estávamos em plena manhã de segunda-feira, altura em que um grupo de supostos manifestantes invadia aquele que é considerado referência, quando se fala de estabelecimentos comerciais no município da Matola.

Os alertas dos demais não tardaram chegar no interior do supermercado. O eco da notícia, dando conta da aproximação do grupo ao supermercado, aconteceu em pouco tempo e foi mais rápido que a marcha dos supostos assaltantes. Instantes depois era mesmo certa a sua presença, pois as suas vozes já eram ouvidas entre os largos corredores das prateleiras, numa manhã sem afluência de clientes.

Homens da Lei e Ordem e militares já se encontravam posicionados em prontidão, pois o clima mostrava que condições para eventual invasão estavam criadas. Entre a onda de vozes que propalavam impropérios soava também a chaparia do portão de garagem, que normalmente é ouvida à hora da abertura e do encerramento dos estabelecimentos comerciais. 

As fragilidades naquele contexto surgiram de muitas frentes. Os que saíram de casa, na tentativa de chegar ao local de trabalho, tiveram que pôr à prova a sua resistência ao regressarem à pé, independentemente da distância. Foram muitos nessa situação, incluindo-me.

Na maratona forçada, de regresso à casa, ia na companhia de dois “concorrentes”, um dos quais portava lindos sapatos. Acredito que terá sido a beleza o motivo de  atracção para a aquisição do calçado. Eram aparentes sapatos duradoiros.

Com o nível de mobilidade diário, que o leva a caminhar poucas vezes, o meu companheiro da caminhada, quase que não faz o devido uso do seu calçado. Ele passa mais tempo dentro de viaturas e/ou do escritório a trabalhar, sentado num ambiente climatizado. Provavelmente tenha sido esta a razão da durabilidade de outros pares de sapatos que já comprou.  

Porque a maratona forçada devido a não circulação dos meios de transporte na Matola num dia de calor intenso, os corpos cediam às altas temperaturas. Os sapatos também revelavam as fragilidade com as quais vinham do fabricante.

Em cada passo de caminhada, algo estranho ia acontecendo ao lindo sapato do meu companheiro de marcha. O jovem mostrava quão burlador fora o fabricante, a cada sinal de cedência do seu “pneu”.

A sandália linda, feita de material aparentemente durável, que eu calçava, também me mostrou que a picada não era de tudo o seu terreno. O pé não mais se entendia com a sola e muito menos com a superfície que eu pisava, ao ponto de me ver forçada a procurar o mercado mais próximo que vendesse chinelos. 

A saga das fragilidades tinha mesmo chegado e havia dezenas de quilómetros por percorrer para cada destino.

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