Sexta-feira, 20 Dezembro, 2024
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EDITORIAL

Por Jornal Notícias
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Esta semana, o país voltou a ser assolado por um evento climático extremo. Referimo-nos ao ciclone tropical Chido, que arrasou parte das três províncias do norte de Moçambique – Nampula, Cabo Delgado e Niassa – deixando um rasto de morte e destruição de infra-estruturas.

A passagem deste sistema é, quanto a nós, mais uma demonstração clara e inequívoca de que as mudanças climáticas são uma realidade com a qual teremos de conviver, o que significa que em países vulneráveis como é o caso de Moçambique a ocorrência de calamidades como ciclones, tempestades de pressões, cheias ou seca passa a ser cada vez mais frequente.

Trata-se, na verdade, de uma experiência que vai exigir de nós o aprimoramento das estratégias de mitigação do impacto destes fenómenos naturais como forma de reduzir o número de mortes e destruição, até porque com o avanço da ciência torna-se mais fácil prever a sua ocorrência com uma antecedência razoável e, quiçá, adoptar medidas de precaução.

No caso concreto do “Chido”, estatísticas oficiais apontam para a morte de 73 pessoas,  muitas das quais esmagadas por paredes das suas residências que acabaram desabando porque impotentes para resistir à força do vento acima de 200 quilómetros por hora.

É aqui onde, no nosso ponto de vista, reside o cerne da questão: a qualidade das infra-estruturas quer públicas quer privadas que temos em Moçambique, sobretudo num país onde a maior parte da população aposta na auto-construção, muitas vezes com base em material local.

Aqui vale a pena abrir um parêntesis para falar de um trabalho das autoridades moçambicanas com o apoio da UN-Habitat de prestação de assistência técnica para tornar as salas de aula resistentes às mudanças climáticas, num esforço apoiado pelo Banco Mundial. Iniciativas desta natureza devem ser acarinhadas e replicadas, tendo em conta o seu papel preponderante na redução dos custos de reparação, reabilitação ou reconstrução de infra-estruturas sempre que o país é assolado por eventos naturais extremos.

Decididamente, a população precisa de ser capacitada sobre as melhores técnicas de construção, garantindo que as suas habitações, ainda que erguidas com base em material local, sejam resilientes aos efeitos das mudanças climáticas. Assim se estaria a contribuir também para a redução de mortes.

A par das casas resilientes, Moçambique precisa de aperfeiçoar ainda mais a sensibilização da população para que abandone as zonas de risco, sobretudo perante a aproximação de fenómenos que pela sua natureza implicam chuvas torrenciais com potencial para causar inundações em áreas residenciais.

Porque o ciclone Chido afectou mais de 180 mil pessoas, muitas das quais ficaram sem abrigo nem base de sustento, o apelo é no sentido de solidariedade de moçambicano para moçambicano, à semelhança do que aconteceu em ocasiões anteriores, por exemplo, aquando do “Idai”, “Kenneth” ou “Fredy”.

Enquanto isso, o Governo e parceiros são chamados a fazer a sua parte criando condições para a normalização da vida dos afectados pelo fenómeno, através da alocação de meios de sobrevivência, incluindo alimentos, material de construção ou utensílios de trabalho.

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