Um Dia da Família atípico

AMÂNDIO MACUÁCUA

Moçambique celebra hoje o Dia da Família (Natal para os cristãos) de forma atípica, devido às manifestações violentas pós-eleitorais que não permitem que as famílias e as igrejas se reúnam para as habituais cerimónias por ocasião da data.

Depois de uma semana calma, as manifestações retomaram segunda-feira com mais violência, obrigando ao cancelamento de convívios familiares devido ao bloqueio da circulação de viaturas.

A violência caracterizada pela colocação de barricadas e queima de pneus nas estradas, saques em estabelecimentos comerciais para além da destruição de viaturas e edifícios, está a “semear” medo e dificulta a celebração condigna da festa, diferentemente dos outros anos.

É neste contexto que a Sé Catedral adiou os baptismos para Janeiro. Hoje, pelas 9h00, é celebrada a Missa de Galo, acto que recorda o nascimento de Jesus Cristo, Salvador da Humanidade e símbolo da paz e reconciliação entre Deus e os Homens, disse o pároco António Soler.

Explicou que a Igreja Católica está preocupada com a violência pós-eleitoral tendo já manifestado o seu apelo à paz e reconciliação através da carta dos Bispos Católicos de Moçambique, de 20 de Dezembro.

A reverendo Felicidade Cherinda, da Igreja Presbiteriana de Moçambique, disse ao “Notícias” que, devido às incertezas causadas pelas manifestações, esta congregação religiosa antecipou as celebrações do Natal para 22 de Dezembro, realizando baptismos e toma da Santa Ceia.

Cherinda apela aos políticos a optarem pelo diálogo e perdão como elementos fundamentais para a recuperação da moral, amor, perdão, harmonia social e tolerância, “porque celebrar o Natal sem ir à igreja ou passar o Dia da Família sem juntar as pessoas é difícil para os moçambicanos”.

Disse ainda que o Natal é momento de solidariedade com os necessitados. “Devemos oferecer cuidados, alimentação e ajuda mútua aos idosos e crianças, porque o nascimento de Jesus Cristo representa aproximação e reconciliação com Deus”.

Por sua vez, Dom Dinis Matsolo, da Igreja Anglicana, apela à paz para um Natal pacífico, “porque o nascimento do Salvador significa a chegada da paz e harmonia para os Homens”.

Matsolo aponta o diálogo como fundamental para se ultrapassar as diferenças que geram manifestações violentas em Moçambique.

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