Terrenos de missionários invadidos em Mutava Rex

MORADORES do bairro Mutava Rex decidiram invadir e ocupar, por iniciativa própria, as terras pertencentes às irmãs missionárias do Mosteiro Mater Dei e ao Seminário Propedêutico Mater Apostolorum.
Trata-se de extensos hectares de terra inabitados, mas que são usados para a produção de alimentos para os seminaristas e crianças do orfanato pertencente às irmãs missionárias.
Falando à nossa Reportagem, alguns ocupantes disseram que decidiram apoderar-se das terras porque são aparentemente ociosas e estão a ser usadas por malfeitores como esconderijo.
Razack Manuel, que falou na condição de representante dos mais de 100 ocupantes, disse que, nos últimos anos, os espaços servem de esconderijo para criminosos. Acrescentou que, frequentemente, são encontrados corpos sem vida e ossadas humanas, o que coloca em risco a segurança dos residentes próximos.
Revelou que as terras estão desocupadas há mais de 20 anos, enquanto muitos jovens dos bairros próximos não possuem terrenos para a construção das suas habitações, vivendo em casas arrendadas.
Embora reconheçam que o acto é ilegal, os ocupantes defendem que é legítimo, pois muitas pessoas não têm onde morar, enquanto outras detêm grandes extensões de terra ociosa.
Os ocupantes apelam às congregações religiosas que considerem o gesto como cedência das terras aos pobres, em alinhamento com os valores que defendem.
Confrontada com a atitude dos moradores, a superiora das irmãs missionárias lamentou a ocorrência, classificando o gesto como um atentado e um acto de pilhagem.
Ela explicou que o espaço é usado para produzir alimentos para a comunidade e os mais de 100 órfãos sob seus cuidados.
Por seu turno, o reitor do seminário, padre Simon, afirmou ter recebido a notícia com surpresa e preocupação, considerando as desculpas dos ocupantes infundadas e manipuladas.
Pediu que a propriedade privada seja respeitada. Enquanto isso, o Conselho Municipal de Nampula, por meio de um comunicado, informou estar ciente das invasões e usurpações de terras em vários bairros da cidade, e apelou aos munícipes a respeitarem a lei e o Código de Postura Municipal.
No comunicado, a autarquia adverte que a persistência em práticas de invasão, parcelamento irregular ou venda ilegal de terras sujeitará os infractores a processos administrativos, civis e criminais, além da remoção forçada das construções e ocupantes.

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