Opinião & Análise REFLEXÕES DA MUVALINDA: Pai incógnito Por Jornal Notícias Há 5 horas Criado por Jornal Notícias Há 5 horas 174 Visualizações Compartilhar 0FacebookTwitterPinterestEmail 174 NAS últimas semanas algo me despertou atenção e motivou a escrita desta reflexão. Solicitei carros de um aplicativo aqui na cidade de Maputo e todos motoristas tinham para além do seu nome próprio o segundo nome feminino. Puxando conversa e questionando o porquê, eles me disseram que eram filhos de pai incógnito. Os motoristas partilharam comigo histórias sensíveis de abandono paterno. Um disse que o pai não aceitou a gravidez, pois era fruto de uma relação extra-conjugal; outro que os pais se separam e a mãe descobriu a gravidez a posterior, não o informou; outro ainda fez saber que seu pai era um forasteiro e irresponsável que se envolvia com mulheres, engravidava e não assumia. É importante elucidar que o registo de uma criança como “pai incógnito” geralmente refere-se à situação em que a identidade do pai não é revelada no momento do registo civil. Isso pode acontecer por diversos motivos. No nosso contexto, o abandono e recusa da paternidade tem liderado as causas. Em países de alta renda, com a ascensão de clínicas de fertilidade, inseminação artificial, doação de sémen, etc., é comum que a criança seja registada como filho de pai incógnito quando o doador do sémen decide permanecer anónimo. Uma notícia que encontrei no jornal “O País” de 2/1/2023 dava conta que mais de 60 mil crianças não tiveram o nome do pai na certidão de nascimento em 2022 no nosso país e as províncias do Centro e Norte é que lideravam as estatísticas. Voltando à conversa com os motoristas de aplicativo, foi notória a mágoa que eles sentiam pelos seus pais, alguns deles disseram que já na adolescência ou fase adulta tiveram a chance de conhecê-los, mas não quiseram ter nenhum contacto. Um deles disse ainda que o pai manifestou interesse de o registar, já adulto, mas ele recusou-se. Todos eles disseram que sofreram bullying na escola por parte dos colegas por serem filhos de pais incógnitos… alguns professores também os olhavam mal e foi uma infância difícil. Porém, hoje adultos, já se acostumaram com a situação, dizem que as pessoas quando se deparam com o seu Bilhete de Identidade escrito “pai incógnito” não sabem como agir e o que dizer. Estimados leitores, este é um caso que não podemos tapar o sol com a peneira, crianças estão a ser registadas apenas com o nome da mãe e condenadas a sofrer preconceitos e discriminação por toda a vida. Ter um nome é um direito fundamental considerado por lei. Ter família é o direito de uma criança, por isso exorto para que possamos educar os nossos jovens homens para que não fujam da responsabilidade de assumir e registar uma criança. Um versículo que fala sobre a importância dos pais e de cuidar dos filhos é Efésios 6:4: “E vós, pais, não provoqueis a ira de vossos filhos, mas criai-os na disciplina e admoestação do Senhor”. Este versículo destaca a responsabilidade dos pais em educar e cuidar de seus filhos, enfatizando a importância do envolvimento activo na vida deles. Outro versículo relevante é Salmos 127:3: “Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão”. Isso reforça a ideia de que os filhos são preciosos e devem ser valorizados. Estes ensinamentos mostram a importância do papel dos pais na vida das crianças, tanto em termos de cuidados e presença como também podemos incluir o registo civil. * Psicóloga e activista social Leia mais… Você pode gostar também CÁ DA TERRA: Sobre dar uma nova chance REFLEXÕES DA MUVALINDA: Perfeição BELAS MEMÓRIAS: Os “DJ” CÁ DA TERRA: O meu/nosso Xiquelene Opinião & Análise Compartilhar 0 FacebookTwitterPinterestEmail Artigo anterior Como ter conversas difíceis: Um guia para comunicação eficaz Próxima artigo Chapo quer escolas livres da corrupção Artigos que também podes gostar Como ter conversas difíceis: Um guia para comunicação eficaz Há 5 horas Como lidar com a perda de um ente querido? (1) Há 1 semana Como implementar o modelo de negócio da Disney na experiência do cliente Há 1 semana REFLEXÕES DA MUVALINDA: Vamos trabalhar Há 2 semanas Uma palavra aos meus representantes na AR Há 2 semanas REFLEXÕES DA MUVALINDA: Porquê não bebes?! Há 3 semanas