Sábado, 22 Fevereiro, 2025
Início » EDITORIAL

EDITORIAL

Por Jornal Notícias
190 Visualizações

DOIS importantes anúncios marcaram a vida do país esta semana: as medidas destinas a aliviar o alto custo de vida; e a suspensão, pela Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), de voos não rentáveis, incluindo a rota Maputo-Lisboa, visando a consolidação do mercado doméstico e regional.
As medidas tendentes à redução do custo de vida anunciadas pelo Presidente da República incluem a possibilidade de isenção do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) dos bens essenciais e revisão da estrutura do preço dos combustíveis líquidos, até porque em relação aos petrolíferos vigora desde ontem uma nova tabela que reflecte as decisões tomadas.
Trata-se de medidas que trazem alento, num contexto em que aumenta a frequência de bloqueios de estradas um pouco por todo o país alegadamente em protesto contra o alto custo de vida.

Resultante das manifestações, houve destruição do comércio e indústria, levando ao aumento do desemprego. Assim, atendendo ao desespero de algumas famílias, a busca de soluções para inverter o cenário actual demanda coragem e ousadia do Governo.

Para já alguns passos foram já dados”, como a injecção de dinheiro no mercado, através do pagamento do 13º salário aos funcionários e agentes do Estado e criação do Fundo de Apoio à Iniciativa Local, virado essencialmente para jovens. Todavia, o objectivo pretendido só será sustentável a longo prazo, se o foco estiver na estrutura produtiva.

Há necessidade de se construir uma economia de escala e de se promover maior integração nos mercados, facto que só é possível com o aumento da produção e produtividade, invertendo situações actuais, em que produtos importados são mais baratos que os produzidos localmente.

Vale ainda melhorar o ambiente de negócios, tornando-o mais atractivo aos investimentos, reduzindo burocracia e taxas de juro e adoptando medidas mais arrojadas de apoio à agricultura.

Contudo, para baixar a tensão, as decisões governamentais devem ser acompanhas por uma forte comunicação com a população, que precisa estar esclarecida sobre as razões de uma solução em detrimento de outra.

Entretanto, também nesta semana, a LAM suspendeu os voos inviáveis, enquanto avalia a viabilidade das rotas regionais, como Maputo/Harare/Lusaka e Maputo/Cidade do Cabo. O argumento é de um novo posicionamento na qualidade de produtos e serviços de assistência aos passageiros.

Na realidade, trata-se de outro desafio, assumindo que a empresa vem registando resultados negativos nas operações em que está envolvida.

A expectativa é que a nova administração tenha, definitivamente, encontrado a chave para tirar a empresa do vermelho, sob ponto de vista de resultados financeiros.

Aliás, sendo a LAM integrante do sector empresarial do Estado, tem a obrigação de enveredar por uma gestão cautelosa, eliminando todas as despesas que se mostrarem supérfluas. Todavia, sem descurar o papel social da companhia, que inclui garantir ligações aéreas pelo menos das capitais provinciais, mesmo que tais rotas não tragam grandes benefícios económico-financeiro à empresa.

Auguramos que desta vez nos possamos, finalmente, orgulhar de termos uma companhia aérea de bandeira.

Foto: Féling Capela

Leia mais…

Artigos que também podes gostar