Domingo, 9 Março, 2025
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EFEMÉRIDE-8 DE MARÇO: Moçambique recorda legado do recomeço

Por Jornal Notícias
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JORDÃO CORNETA

NUM dia como hoje, há 48 anos, o Governo moçambicano anunciava a suspensão da frequência da 10.a  e 11.a classes para que os 600 estudantes inscritos naquele ano integrassem nas diferentes frentes de desenvolvimento nacional, de modo a suprir a falta de quadros qualificados para servir a nação nos primeiros momentos que se seguiram à independência de Moçambique. 

Foi a 8 de Março de 1977, quando passavam concretamente 20 meses e 17 dias depois da proclamação da independência nacional, a 25 de Junho de 1975, altura em que o Presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e da República Popular de Moçambique, Samora Machel, anunciou a medida que viria a dar origem à “Geração 8 de Março”. 

O chamamento do primeiro Chefe do Estado na história do país independente visou fechar a lacuna deixada pela saída massiva de mais de 200 mil portugueses para Lisboa ou países vizinhos, depois da proclamação da independência, apesar das garantias dadas pelo Governo de Transição de que teriam espaço no processo de reconstrução do país.

Como produto deste êxodo, o novo Estado encarou grandes desafios, agravados pela ausência de quadros para áreas económicas e sociais, para além de enfrentar ameaças externas à segurança nacional, provocadas pelo regime da Rodésia de Iam Smith e  pelo regime do “apartheid”, na África do Sul. 

Foi no decurso do III Congresso da Frelimorealizado de 3 a 7 de Fevereiro de 1977 que, dentre importantes decisões, a Frente transformou-se em partido político e deliberou sobre a necessidade de suspender a frequência da 10.a  e 11.classes e orientar os estudantes para assumirem como prioridade as necessidades do país em recursos humanos, por forma a garantir o funcionamento de todos os sectores da vida económica e social. 

Foi a 8 de Março do mesmo ano, num evento realizado no pavilhão do então Sporting, actual Maxaquene, com a participação de cerca de seis mil pessoas, dentre alunos e professores de escolas secundárias de Maputo, onde Samora Machel anunciou que os que frequentariam a 10.e 11.a  classes receberiam tarefas específicas para, em diversos ramos de produção, estabelecerem pilares para a activação do percurso do desenvolvimento. 

Uma parte dos alunos iria frequentar o curso propedêutico de acesso à universidade, prosseguindo a formação de quadros qualificados de nível superior; outra seguiriacursos agrários, formação de professores do Ensino Secundário e do magistério; e outro grupo foi encaminhado para a defesa e segurança da integridade territorial.

Sublinha-se ainda que, para a defesa da soberania, os jovens seleccionados foram integrar os ramos do Exército, Marinha Popular e Força Aérea Popular, conforme tinha recomendado Samora Machel na reunião. 

Na ocasião, o Marechal disse que a falta de quadros era uma das características salientes da situação do país daquele momento e “estamos conscientes de que, sem quadros capazes de dominar a tecnologia avançada e de abarcar a complexidade do desenvolvimento da sociedade, não é possível construir o socialismo”.

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