CultureDestaquePrimeiro PlanoRecreio e Divulgação ATELIER DE LETRAS: A minha alma está no continente africano. Encontrei-me no Festival Poetas D’Alma Por Jornal Notícias Há 9 horas Criado por Jornal Notícias Há 9 horas 200 Visualizações Compartilhar 0FacebookTwitterPinterestEmail 200 ROSÁLIA DIOGO (Jornalista. Activista Cultural e Pesquisadora brasileira) “Eu sou o teu passado e o teu presente Através de ti retornei à vida, ó filho de África Porque trazes no sangue a força de todos os escravizados… Escuta a suavidade deste canto de esperança Serena. Respira o ar puro do alto das montanhas Reflecte. Busca inspiração na memória da África e do mundo Segura com braços firmes a liberdade que escapa.” Paulina Chiziane Introduzo esta escrita com um poema dessa monumental escritora, que é Paulina Chiziane, pois ele diz muito sobre o facto de eu ser uma moçambicana de essência, que vive na diáspora brasileira. O Brasil recebeu milhões de pessoas do continente para lá serem escravizadas. Foram pessoas estrategicamente arrancadas de maneira brutal do seu continente para edificar o nosso país. Por lá tivemos negras e negros africanos e seus descendentes especialistas na área da metalurgia, da medicina, da mineração, da biologia, da construção civil e tantas outras. E ainda temos. A população indígena e a população negra no Brasil são protagonistas da diversidade e da pluralidade na área da música, da dança, da filosofia, da escrita e muito mais. A possibilidade de retornar ao continente mãe, ao berço da humanidade, para mim é sempre uma alegria, uma honra e um privilégio. A primeira vez que estive em Moçambique, em 2011, foi justamente para investigar sobre a obra e vida de Chiziane, como parte da pesquisa de doutorado que realizei entre 2009 e 2013. Desde então, voltei outras vezes, sendo neste momento a quinta vez. Dentre tantos saberes e sabores que tenho desfrutado desde que cheguei aqui, em Setembro de 2024, destaco o convite para participar no Festival Internacional de Poesia e Artes Performativas – Poetas D’Alma, organizado e dirigido pelo activista cultural Féling Capela. O festival é coordenado pelo movimento Poetas D’Alma, que é realizado há mais de 20 anos e tem a poesia como carro-chefe, na sua transversalidade com outras linguagens artísticas. A música esteve presente durante o festival de maneira substancial e não poderia ser diferente. A organização do evento certamente tem como referência a Súplica feita há décadas pela revolucionária poetisa moçambicana Noémia de Sousa: Tirem-nos tudo, mas deixem-nos a música! Tirem-nos a terra em que nascemos, onde crescemos e onde descobrimos pela primeira vez que o mundo é assim: um tabuleiro de xadrez… tirem-nos tudo…, mas não nos tirem a vida, não nos levem a música! Em 2014, eu já havia participado numa Noite de Poesias/Sarau, organizado por esse movimento e lembro-me que a energia foi intensa e a minha alegria foi imensa. Confesso que estava com saudades. O que vivenciei nesses dias em que o Festival Poetas D’Alma ocorreu em Maputo, foi emocionante. A cidade foi tocada pelas boas energias daqueles que investem na possibilidade de uma sociedade mais justa e igualitária. Para os envolvidos nessa agenda, as manifestações artísticas e culturais são basilares para que possamos alcançar essa condição de bem-estar colectivo. Sobre o tema: Resiliência e Cura O tema dessa edição foi assertivo, tendo como referência o contexto de Moçambique e de outras partes do mundo. Estamos vivenciando situações muito tristes e desalentadoras, em que guerras estão acontecendo em várias partes do mundo. Governos de extrema direita, com os seus projectos de exclusão social de pessoas pobres, negras e indígenas, que são apartadas do livre acessos e oportunidades de ascensão. O que se vê é a xenofobia imperando em vários países. A homofobia, o racismo, o machismo, o colonialismo, que tenta se impor, em modos diferenciados tem causados dores e adoecimentos individuais e colectivos. Nessa perspectiva, um festival de poesias neste contexto segue na contra-mão desse clima de mal-estar da civilização, como já sinalizou Freud. Essa iniciativa acena na perspectiva de que possamos construir juntas e juntos um estado de resiliência, de paz e amor, com atitudes de enfrentamento à perversidade dos que se empenham em continuar a ferir e segregar pessoas. Uma das actividades que tive a honra e a alegria de participar é o painel CUR’ARTE. Nessa agenda, falamos sobre a arte como ferramenta de cura individual e social. No final da semana anterior, eu acompanhei pela TV acontecimentos que revelaram muito sobre o comportamento irracional das pessoas, a partir do ódio que guardavam em si. Tive a oportunidade de assistir ao menos dois episódios em que os populares invadiram imóveis para vandalizá-los, na cidade de Maputo. Houve também a casa de um político que foi alvejada por balas de armas de fogo. As justificativas que foram dadas não são plausíveis à luz de alguma razoabilidade. Assim, a nossa percepção é a de que a raiva, a impaciência e a descrença nos políticos, na polícia e na política é uma realidade. Dessa forma, o que temos observado são manifestações em que a desesperança e o desamor têm-se manifestado de maneira muito acentuada. Leia mais… Fotos & Video: Pl’Arte D’Alma Você pode gostar também NYUSI AOS FORMADORES DO ENSINO TÉCNICO: Transformar institutos em centros de produção Music Hackathon reúne empreendedores culturais na capital Furacão Milton ameaça Florida FMI propõe melhorias no investimento público ATELIER DE LETRAS: A minha alma está no continente africano. Encontrei-me no Festival Poetas D’AlmaMoçambique-Brasil Intercambio culturalRosalia Diogo Poetas D'Alma Festival Compartilhar 0 FacebookTwitterPinterestEmail Artigo anterior “Jude” fere e deixa rasto de destruição na Zambézia Artigos que também podes gostar Fauziya Fliege expõe “Mulher em Ascensão” no Ghana Há 10 horas Bolsa de Valores tem novo PCA Há 12 horas NBC Gás Butano leva “mbira” numa digressão pela Itália Há 14 horas Chale expõe ponte entre as expectativas e a realidade Há 14 horas PGR já ouviu Venâncio Mondlane Há 16 horas ADMINISTRAÇÃO INDIRECTA DO ESTADO: Instituições não viáveis serão extintas ou fundidas Há 16 horas