Quinta-feira, 20 Março, 2025
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O sabor de um regresso  reivindicado pelos 340ml 

Por Jornal Notícias
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NÁGEL MUNGOI 

ENSAIAR a melhor forma de iniciar um espectáculo de regresso aos palcos deve ter sido a tarefa mais desafiadora dos integrantes da banda 340ml, esperada na sala grande do Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM), cidade de Maputo, para justificar a ausência no cenário musical por 13 anos. 

De um modo introdutório, a música “Shotgun”, retirada do álbum “Moving” (2003), iniciou a viagem de regresso dos 340ml, momento aguardado pelos fãs e admiradores do colectivo que anunciou a pausa na música em 2012.

A música formou-se aos bocados pelos membros da banda que entram no palco em momentos separados. Primeiro foi Rui Soeiro, com a sua guitarra-baixo, e depois Paulo Chibanga ocupou o assento para tocar a bateria. 

Com a percussão e as notas baixas soando, criou-se cenário para entrar Tiago Correia-Paulo com a guitarra e logo depois Pedro da Silva Pinto completou o grupo para em consonância sobrepor a sua voz a outros instrumentos musicais. 

Tal como balas que despoletam de uma “shortgun” (espingarda, em inglês), assim começou o espectáculo com sequências de “riffs” (pequenos trechos repetidos várias vezes numa música) de guitarras e bateria, com algumas vozes ocasionais.

Em seguida, os 340ml interpretaram “Hang On To Yourself” (2004), uma declaração de amor cujo tempo original da música, três minutos, foi estendido para 10, através da técnica 12 polegadas, usada popularmente no reggae para dar novos seguimentos a uma música e deixar soar por mais tempo os instrumentos.

Para testar os ânimos do público, os artistas intentaram actuar “Midnight”, o maior êxito da banda, mas cortou-se a sequência, “não estão prontos”, justificaram os músicos a descontinuação do tema clássico. 

Antes de interpretar o tema seguinte, “Michelle”, Paulo Chibanga testou a constância dos espectadores, questionando se estavam prontos para “curtir a noite”, após anos de saudades e espera. 

Com uma resposta positiva, “Michelle” ecoou na Sala Grande, com o público de pé para acompanhar os ritmos dos instrumentos, que isoladamente ou conjugados davam um sentido completo à música, também com a técnica de 12 polegadas. 

Susteve-se a actuação para contextualizar o espectáculo. Na voz de Pedro da Silva Pinto explicou-se que o regresso se enquadra na celebração dos 30 anos do Centro Cultural Franco-Moçambicano, espaço onde a banda actuou em diversas oportunidades. 

Esta chamada para celebrar as três décadas da casa cultural possibilitou o agendamento de uma digressão pela África do Sul, com actuações em Joanesburgo e Cidade do Cabo, dando continuidade ao seu regresso muito aguardado.

O repertório escolhido para dar vida ao espectáculo provou que os sons ficaram gravados na memória do público, o que foi uma viagem no tempo, com os maiores sucessos que tornaram a banda um fenómeno do cenário musical.

As actuações aos poucos respondiam ao ensejo tornado público pelos organizadores, criar “uma oportunidade para reviver a energia e som inconfundível que marcou gerações de artistas nacionais, sul-africanos e de outras partes do mundo onde a banda teve influência”. 

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