Terça-feira, 1 Abril, 2025
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EDITORIAL

Por Jornal Notícias
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A semana iniciou com uma notícia trágica. Referimo-nos ao acidente de viação ocorrido no Posto Administrativo de Cafumpe, distrito de Gondola, província de Manica, que resultou em 22 mortos e feridos graves.

Na verdade, o acidente de Gondola não foi o único esta semana, mas é o que mais impacto gerou, devido ao elevado número de vítimas mortais.

À semelhança de outros sinistros graves, o de Cafumpe também envolveu um transporte semicolectivo de passageiros que, no caso, fazia o trajecto Chimoio-Gondola, e que colidiu com um camião ido do Porto da Beira, em Sofala, que seguia no sentido contrário.

O embate, segundo a Polícia, foi causado por ultrapassagem irregular pelo transporte semicolectivo.

A gravidade do acidente de Cafumpe levou o Presidente da República, Daniel Chapo, a orientar as autoridades competentes no sentido de em uma semana apresentarem um plano para a redução da sinistralidade rodoviária no país.

Trata-se de uma medida oportuna, atendendo que para além das vidas humanas que se perdem devido aos acidentes há, igualmente, danos económicos resultantes da destruição das viaturas, algumas das quais irrecuperáveis.

É que, para além de mortes, os acidentes causam feridos que muitas vezes levam a internamento, pressionando ainda mais o Sistema Nacional de Saúde, com implicações na capacidade do Estado de responder à demanda por cuidados médicos.

De igual forma, as mortes e ferimentos representam, de alguma forma, um prejuízo na disponibilidade de mão-de-obra para continuar a contribuir na produção da riqueza.

Entretanto, apesar da complexidade dos factores apontados como causa destes acidentes e da multiplicidade de entidades envolvidas no controlo e gestão do tráfego, estamos esperançados que o plano recomendado pelo Presidente da República venha a contribuir, de facto, na mitigação deste mal, que tende a se tornar um problema de saúde pública em Moçambique.

Por enquanto é escassa a informação sobre o plano recomendado, até porque o documento terá, ainda, de ser debatido ao nível do Conselho de Ministros.

Ainda assim, vale a pena sugerir que a implementação de medidas de mitigação da sinistralidade seja permanente, não se limitando aos períodos imediatamente a seguir aos acidentes.

Numa outra vertente, esperamos que o recente anúncio da reactivação de postos de controlo de velocidade e outro tipo de contravenções possa baixar os índices de sinistralidade rodoviária. É que nas condições actuais é quase impossível reduzir o número de acidentes devido à desordem instalada, em que muitos motoristas não acatam as recomendações da Polícia, mesmo quando está em causa a segurança dos passageiros.

Apelamos, igualmente, que as campanhas de educação rodoviária nas escolas abranjam também mercados e outros locais de aglomeração de pessoas visando reduzir os atropelamentos.

Contudo, para que as medidas tenham o efeito desejado torna-se fundamental o combate à corrupção, sobretudo no seio dos agentes da Polícia de Trânsito, porque sem a colaboração destes pouco ou quase nada mudará na prática.

Aos cidadãos, no geral, estes são chamados a colaborar com as autoridades, porque a tarefa da redução da sinistralidade rodoviária é de todos. 

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