Governo quer erradicar fecalismo a céu aberto 

PELO menos 50.312 infra-estruturas de saneamento que incluem latrinas tradicionais, melhoradas e com fossas sépticas, foram construídas nos últimos dois anos na região costeira do Lago Niassa.

A acção visa erradicar o fenómeno de fecalismo a céu aberto, que prevalece em várias comunidades locais, gerando doenças que constituem problemas de saúde pública.

Das benfeitorias destacam-se 15.422 latrinas tradicionais, 16.914 tradicionais melhoradas, 12.979 melhoradas e 4.979 com fossas sépticas que serão usadas por perto de 70.300 pessoas.

Elves Romão, director do Serviço Distrital de Planeamento e Infra-estruturas (SDPI) do Lago, destacou a importância das acções implementadas, mas alertou para os desafios que ainda persistem, nomeadamente os hábitos culturais e a falta de educação sobre saneamento básico, que dificultam a eliminação do hábito de defecar ao ar livre.

As comunidades costeiras de Chia, Bamba, Ngo, Wikih e Chigoma são apontadas como as mais críticas ao nível do distrito de Lago.  

Segundo Romão, estas zonas são mais afectadas devido aos costumes culturais profundamente enraizados, como o hábito do banho no Lago, que consequentemente leva as pessoas a satisfazer as suas necessidades biológicas naquele local.

“As nossas famílias deslocam-se ao lago e quando sentem necessidade, por lá recorrem à práticas inadequadas, em vez de voltarem à casa e utilizarem as latrinas disponíveis” , afirmou.

Referiu que o governo tem desempenhado um papel crucial na luta contra o fenómeno, proporcionando o apoio técnico para a construção de infra-estruturas, promovendo a capacitação das comunidades em técnicas básicas de saneamento.

Actualmente, quatro técnicos estão no terreno para assegurar que as construções respeitem os padrões estabelecidos e que as famílias sejam instruídas sobre a sua utilização correcta.

“Estamos a trabalhar intensamente na sensibilização das famílias sobre a importância de construir e usar latrinas de forma adequada, especialmente durante o período chuvoso, altura em que aumenta o risco de contaminação e propagação de doenças”, reforçou o director do SDPI.

Referiu que os avanços registados são encorajadores, mas apela para a continuidade de se investir em infra-estruturas e, acima de tudo, na mudança de mentalidade, para que as práticas de saneamento sejam verdadeiramente sustentáveis.

Romão disse ainda que as acções de combate ao fecalismo a céu aberto têm como objectivo não só melhorar a qualidade de vida da população, mas também preservar o Lago Niassa, tida como fonte de água essencial para as comunidades costeiras.

Esclareceu que a protecção deste recurso natural é vital para a saúde pública e para o desenvolvimento sustentável da região.

Foto: Arquivo

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