Terça-feira, 15 Abril, 2025
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CÁ DA TERRA: É justo querer atingir os cem anos   

Por Jornal Notícias
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HÁ dias assinalamos com pompa e circunstância 105 anos da avó Percina Mulocha, nascida no longínquo ano de 1920. Não é todos os dias que temos um ente querido que chega a esta idade a enxergar e a andar com os seus próprios pés, a poder cantar e dançar.

Aponta como segredos para a longevidade o temor a Deus e o imenso amor que tem para com os seus.

De facto, viver mais é uma oportunidade valiosa ou uma graça divina possível com base em hábitos saudáveis que contribuem para a qualidade de vida. 

Em 1Rs 3-14 diz o Senhor que “Se andares nos meus caminhos e observares os meus mandamentos, eu prolongarei os teus dias”.

Querer atingir os cem anos é justo e cristão, daí que deve ser uma preocupação de todos. Viver muito não deve ser considerado uma ameaça (não deve ser o meu caso porque completei apenas 54 no passado dia 3 de Abril), mas certamente uma bênção, um troféu que todos aspiram.

Também é válido para instituições como o “Notícias”, que amanhã, 15 de Abril, celebra 99 anos de história e glória.

Quando  o capitão Manuel Simões Vaz fundou este matutino, a 15 de Abril de 1926, certamente ninguém podia imaginar que este haveria de atravessar gerações, certamente a mais pura longevidade para um matutino publicado em solo pátrio.

Seguir a tradição de informar, com rigor e responsabilidade, é um desafio permanente para quem pretenda continuar a ser referência e, mais do que isso, a preferência.

Está assim traçado o caminho para o centenário, que, mais do que nunca, escancara as portas para a reflexão sobre o que deverão ser os próximos cem anos.

A busca incessante por notícias e por manter informado o leitor ensina que há que valorizar a experiência, o conhecimento e, sobretudo, o profissionalismo e sentido de ética e dever cultivado por cada um dos profissionais que corporiza esta casa.

Ao analisar este percurso e na senda dos 47 anos do nosso sindicato – o SNJ, assinalados a 11 de Abril, o Dia do Jornalista Moçambicano, sou tentado a olhar, a título de exemplo, para o jornalismo dito “independente”, que seria o farol no escuro, e percebe-se o seu distanciamento do rigor e da ética, considerado o be-â-bá da profissão.

Vemos ainda um nivelamento de jornais e noticiários de televisão, rádio e websites que são substancialmente iguais uns aos outros, como se tivessem sido escritos pelo mesmo pulso e nem sempre espelham “as pessoas onde estão e como são”.

Em larga medida, o jornalismo hoje não tem trilhado pelo caminho certo, por uma expressão comunicativa transparente e honesta, como acontece quando faz do ódio uma montra para a venda e ao servirem de altifalantes dos apologistas da violência.

Por outro lado, quando a televisão invade as nossas casas vemos repórteres preocupados com a sua própria imagem egoísta e não com o acontecimento à sua volta, de tal jeito que o  brilho e interesse pela notícia deixa de existir.

Nivelamo-nos por baixo e hipotecamos a nossa relevância, de modo que uma vasta franja de pessoas recorre ao Facebook e WhatsApp, regra geral infestados de “fake news”, para se informar numa linguagem que consideram simples e terra-a-terra.

O jornalismo, como exposição da realidade, requer a capacidade de ir onde mais ninguém vai e não deve, de modo algum, ser substituído pelo “fake news”. Cabe, por isso, uma vénia àqueles profissionais que se esforçam por uma media comunicativa, que espelha a realidade do quotidiano das pessoas.

O jornalismo em Moçambique já fez escola que deve, a todo o custo, ser resgatada.

É fundamental que o jornalismo conte estórias que ajudem a compreender os fenómenos sociais e a destacar as energias positivas que se geram na sociedade.

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