HÉLIO FILIMONE
ITALMA Pereira, directora-geral da Arktek e declarante no julgamento do caso das dívidas não declaradas no país, admitiu ontem, em tribunal, que a sua empresa executou mais de 20 projectos imobiliários pertencentes à ré Ângela Leão, esposa do também réu Gregório Leão.
Para o pagamento das empreitadas executadas pela empresa, de que é sócia com o seu esposo Alexandre Pereira, a declarante disse que, por uma vez e em espécie, recebeu dinheiro directamente da ré, tendo as restantes remunerações sido pagas por via de transferências bancárias a partir da conta da empresa M Moçambique Construções, pertencente ao co-réu Fabião Mabunda.
De entre os montantes pagos a uma parte dos referidos trabalhos, a declarante apontou 50 mil dólares pela construção de um condomínio na zona da Costa do Sol, na cidade de Maputo, e um complexo no bairro de Jonasse, município de Boane, congregando armazém, discoteca, salão de eventos, museu, ginásio e uma moradia do tipo oito, com três pisos. Ainda teve um outro projecto no Belo Horizonte, cujo montante acordado a declarante diz não ter sido pago na totalidade.
Sem muita precisão, disse que a Arktek poderá ter executado para a ré Ângela Leão obras no sector imobiliário orçadas em cerca de 2.5 milhões de dólares, muitas delas inacabadas devido a sistemáticas alterações da planta inicial.
Contudo, explicou ter estranhado que o pagamento de todos os trabalhos tenha sido feito por um empreiteiro, M Moçambique Construções, que também era encarregado de executar muitas obras da ré.
“Estranhei ainda a substituição de muitos projectos, razão pela qual não terminavam. Este facto fez com que a nossa empresa deixasse de prestar serviços a Ângela Leão” – explicou.
Por sua vez, o declarante Alexandre Pereira, esposo da declarante Italma Pereira e sócio na Arktek, confirmou tudo o que ela disse em tribunal, assim como as declarações prestadas na PGR durante a instrução do processo. Sublinhou que todo o trabalho feito para a ré Ângela Leão foi no âmbito de uma parceria de negócio.
Ainda ontem, o tribunal esperava ouvir o declarante Fernando Pereira, que justificou estar em Portugal acometido de doença. O juiz explicou que não havia motivo de se emitir um mandado de captura porque a ausência está devidamente justificada.
Entretanto, o tribunal anuiu o pedido do declarante Pondeca Dinis Buque, que requereu para não ser ouvido por ser irmão das co-rés Ângela Leão e Mbanda Buque Henning, e cunhado de Gregório Leão.