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Quarta-feira, 27 - Março, 2024

DIZ ANLAUE EM TRIBUNAL: Desavenças entre gestores minaram o projecto

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O DECLARANTE Agi Anlaue disse ontem em tribunal que julga o caso das dívidas não declaradas que situações graves de relacionamento entre os diferentes gestores das empresas PROINDICUS, MAM e EMATUM, inclusive com a Privinvest, concorreram para o fracasso do projecto de protecção costeira.

“Pessoalmente, tive problemas de relacionamento com o fornecedor. Era um fornecedor não normal porque, para além da demora na entrega dos equipamentos, não aceitava as nossas sugestões. Tinha a capacidade de influenciar as decisões ao mais alto nível. Não reagia positivamente às reclamações. Pelo facto de exigir determinadas coisas, a Privinvest deixou de colaborar comigo, passando a fazê-lo com um técnico, que era meu subordinado. Por isso tínhamos um relacionamento difícil e deixei de colaborar com eles e pedi para deixar os cargos porque vi que não estava a ser útil”, explicou Agi Anlaue, quadro do Serviço de Inteligência e Segurança do Estado (SISE) e antigo administrador da PROINDICUS e director na EMATUM e MAM, as três empresas que estiveram na origem das dívidas não declaradas e que lesaram o Estado moçambicano em 2,2 mil milhões de dólares norte-americanos.

A posição deste declarante põe em causa as alegações do réu António Carlos do Rosário, antigo director da Inteligência Económica do SISE. Este disse, no seu interrogatório, que o projecto não foi avante devido a supostos actos de sabotagem por parte de alguns membros do actual Governo.

Anlaue afirmou ainda que o estudo inicial da PROINDICUS, avaliado em 372 milhões de dólares, estava bem feito e, se tivesse sido implementado, seria bom para a defesa da pátria. Contudo, as alterações desvirtuaram tudo.

Quanto ao estudo de viabilidade da MAM, considerou que não foi bem feito e que a da EMATUM não tinha nada a ver com a defesa da soberania e apresentava altos custos, que as iscas para a pesca do atum deviam ser importadas a preços elevados, e com uma tripulação que era estrangeira. 

Explicou que, como director do Centro de Coordenação dos Radares em Terra, a sua missão era manter os equipamentos, sem ter tido o domínio da natureza dos contratos de fornecimento e equipamentos assinados entre a Privinvest e a PROINDICUS. Disse ter tido contacto com nove embarcações adquiridas no âmbito do projecto. Todas elas, segundo a fonte, estavam vocacionadas à pesca e nenhuma em condições de emitir alerta sobre potenciais casos de ameaça ao país.

Afirmou que, até 2016, altura em que deixou de representar as empresas, não tinham sido construídas as bases navais e fornecido qualquer radar. Do mesmo modo, não chegou a ser instalado nenhum centro de controlo e muito menos um mecanismo de transferência de conhecimento.

Anlaue referiu que recebia 140 mil meticais em cada uma das três empresas, para além do salário que auferia no SISE.

Ainda ontem, o tribunal ouviu Nazir Abobacar.

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