18.7 C
Maputo
Quarta-feira, 27 - Março, 2024

JUSTIFICA ANTIGO PRESIDENTE: Projecto não foi à AR porque lá havia apoiantes dos ataques

+ Recentes

Troço Montepuez-Mueda int...

Brigadista assassinado na...

Ponte de Baltimore colaps...

Prevalece chuva forte e t...

HÉLIO FILIMONE 

O ANTIGO Presidente da República e Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança Armando Emílio Guebuza disse ontem que não submeteu à aprovação da Assembleia da República (AR) o projecto do Sistema de Monitoria e Protecção da Zona Económica Exclusiva (ZEE) porque havia deputados da bancada da Renamo que apoiavam os ataques armados em Nampula e no centro do país. 

No segundo dia da sua audição, o declarante justificou assim o facto de o seu Executivo ter avançado com a concepção, procura de financiamento e execução do projecto da ZEE sem o aval da Assembleia da República, como manda a lei.

“Como levar uma questão destas à Assembleia da República se a Renamo estava lá? Era abrir uma oportunidade de eles terem toda a informação e pôr em causa todo o plano que tínhamos. Era como não fazer nada. Não fazia nem faz sentido. Seria irresponsável ir pedir equipamento a quem está a atacar Moçambique. Por isso, o processo não foi submetido à apreciação da Assembleia da República”, justificou

Confrontado com as declarações dos antigos ministros da Defesa Salvador M’tumuke e do Interior Alberto Mondlane, que dizem não ter recebido o equipamento militar avaliado em 500 milhões de dólares, Guebuza remeteu as explicações ao então ministro da Defesa e actual Presidente da República.

Negou que tenha tido encontros privados com o antigo director-geral do SISE, o réu Gregório Leão, para discutir aspectos relacionados com a ZEE.

Disse que não fazia parte da concepção do projecto receber dinheiro de suborno pelos seus colaboradores directos. Assim, distanciou-de de Renato Matusse, então seu conselheiro político, que recebeu quase dois milhões de dólares, e Maria Inês Moiane, secretária particular, que encaixou mais de 870 mil euros disponibilizados pela Previnvest, supostamente para favorecer audiências.

Disse ter concordado com a aquisição dos barcos para o projecto porque a ideia lhe foi apresentada por especialistas na matéria. 

Defendeu que o projecto era uma coisa necessária, sendo por isso que o aprovou com pessoas da sua confiança.

Referiu ter anuído ao pedido do réu e antigo director-geral do SISE, Gregório Leão, para nomear o co-réu António Carlos do Rosário como presidente do Conselho de Administração das empresas PROINDICUS, EMATUM e MAM porque, nas suas palavras, era preciso ter uma direcção que estivesse clara dos objectivos que se pretendiam.

Disse que a MAM estava a entrar para a indústria de barcos e que, por isso, na sua óptica, foi sabotada. “O Oceano Índico é nosso, mas nós não estávamos lá. Quem pescava o nosso atum eram os estrangeiros. Portanto, agi daquela maneira, criando as três empresas, porque o país estava mal e em vias de ser assaltado. Se estivesse naquela posição novamente, tomaria a mesma posição, naturalmente adaptada à situação actual”, indicou.

- Publicidade-spot_img

Destaques