Sábado, 27 Abril, 2024
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EDITORIAL

Por admin-sn
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UM dos temas que marca a semana prestes a terminar é, certamente, a denúncia de alegadas fraudes nas contas da empresa Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), com as suspeitas a serem levantadas pela Fly Modern Ark, entidade sul-africana que está a reestruturar a empresa.

Diz a Fly Modern Ark que o esquema fraudulento centra-se na venda de passagens aéreas em que, inclusive, algumas lojas de venda usam, no processo de pagamento, POS estranhos à empresa, para além da existência de contas domiciliadas no estrangeiro sem detalhes sobre a sua acessibilidade.

Quanto a nós, estas acusações são graves.

Entretanto, em carta enviada ao ministro dos Transportes e Comunicações, a direcção da LAM distancia-se da informação sobre supostas fraudes, sustentando que tais dados nem sequer foram partilhados antes da conferência de imprensa. Acrescenta que todas as contas da empresa estão sob gestão exclusiva da Fly Modern Ark.

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Coincidência ou não, as suspeições sobre o destino das receitas da LAM aparecem a cerca de dois meses do fim do contrato de gestão da empresa sul-africana, altura em que, pensamos nós, devia ser apresentado o balanço preliminar sobre a reestruturação, até porque o Governo tem de tomar uma decisão sobre o destino da companhia aérea nacional.

Seja qual for a verdade dos factos, o certo é que este tipo de informação não deixa de ser preocupante para todos nós enquanto cidadãos e potenciais utentes dos serviços de aviação.

A primeira inquietação é que este emaranhado deita abaixo o esforço de busca de soluções para os problemas da companhia aérea de bandeira, nomeadamente a devolução da empresa aos níveis de solvabilidade aceitáveis.

De igual modo, o teor desta informação, seja ela verdadeira ou não, prejudica em grande medida a imagem da empresa dentro e fora do país, particularmente numa altura em que se está na retoma de diversos voos regionais e internacionais, a exemplo de Maputo-Lisboa.

A preocupação avoluma-se ainda mais porque nos dias que correm são frequentes relatos de atrasos ou adiamentos de voos quer domésticos quer regionais, o que pode ser associado, de alguma forma, ao desentendimento entre a empresa sul-africana e a direcção da LAM.

Estes sinais têm de ser encarados com bastante seriedade, demandando, por isso, a quem de direito, a mobilização dos recursos necessários para uma avaliação minuciosa do que efectivamente está a acontecer.

É desejo de toda a sociedade moçambicana ter uma companhia aérea nacional funcional e livre de suspeições, porque isso transmite sinais de confiança às pessoas que viajam a bordo das aeronaves da LAM.

Dizemos isto porque, salvo melhor opinião, não é razoável que entidades que, até onde sabemos, querem o bem da empresa estejam a trocar acusações gravíssimas em praça pública.

Neste contexto, julgamos ser importante que a Fly Modern Ark e a direcção da LAM sentem-se à mesma mesa para dialogar e juntas encontrarem caminhos para resolver as suas diferenças, como pressupostos para tirar a empresa da crise em que se encontra. Este é, aliás, o objectivo da reestruturação.

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