QUINZE comunidades rurais das províncias da Zambézia e Cabo Delgado vão receber ainda no presente ano, dinheiro para implementar projectos de exploração e comercialização de produtos florestais não madeiros, numa iniciativa do Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável denominada Eco Comunidade.
A iniciativa que visa reduzir o desmatamento foi lançada há dias na cidade de Mocuba, na Zambézia e é uma oportunidade de acesso a subvenções comparticipadas do Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável. Paralelamente, a acção tem por objectivo o empoderamento e integração das comunidades locais no desenvolvimento de cadeia de valor sustentáveis.
A especialista em Florestas no Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável, Rosalina Chavana, disse há dias à Reportagem do Notícias, em Mocuba, que há duas linhas de financiamento, sendo a primeira, aquelaem que as Organizações de base comunitária concorrem sozinhas com projectos estimados entre 300 mil a 1.5 milhão de meticais.
Na segunda linha, as mesmas organizações concorrem em pareceria com o sector privado com valores entre 600 mil a 12 milhões de meticais.
A fonte salienta que nas duas linhas de financiamento há comparticipação dos beneficiários e, na primeira, as comunidades contribuem com 15 por cento, dos quais 10 em activos e cinco depositados na conta do proponente e na segunda, os parceiros devem comparticipar com quarenta por cento, sendo trinta em activos e dez porcentoem dinheiro depositado na conta bancária.
O levantamento feito pelas autoridades do sector indicam que a nível da província da Zambézia existem 100 organizações de base comunitária.
Rosalina Chavana convidou as associações de mulheres, jovens e os comités de gestão de recursos naturais e cooperativas para submeterem os seus projectos e respectivos planos de negócios, a fim de explorarem produtos florestais não madeireiros, conservarem as florestas e ganharem dinheiro com a comercialização de produtos elegíveis nas duas linhas de financiamento.
Segundo a entrevistada, são projectos elegíveis os do ramo alimentar (mel, café, fruteiras, cogumelo, frutos silvestres, raízes, tubérculos, folhas e sementes), material de construção (estacas de bambu e espécies exóticas), artesanato (esculturas, cestos, tintas e tecidos), plantas medicinais e cosméticos (moringa, própolis, óleos essenciais, gengibre, óleo de coco, mussiro) e outros como fogões melhorados, briquetes e ceras.
A Eco Comunidades será implementada em quinze comunidades das duas províncias sendo na Zambézia os distritos de Gúruè, Ile, Mulevala, Mocuba, Alto Molócuè, Gilé, Mocubela, Maganja da Costa, Pebane, Milange, Namarrói e Lugela e, em Cabo Delgado, nos distritos de Metuge, Ancuabe e Montepuez.
Segundo Chavana, a situação de desmatamento naqueles distritos é preocupante, o que põe em causa o ecossistema florestal.
Em 2018 a área desmatada foi de mais cinco milhões de hectares e apontam-se as razões que estão por detrás, a agricultura itinerante, queimadas descontroladas e caça de animais. Leia mais