O EX-PRESIDENTE sul-africano Jacob Zuma (2009-2018) decidiu deixar de testemunhar perante a comissão oficial que investiga um alegado caso de corrupção ocorrido durante o seu mandato, queixando-se de “tratamento injusto”.
“Estamos aqui para dizer que não vamos continuar a participar neste processo”, anunciou o advogado de Zuma, Muzi Sikhakhane,à Comissão Zondo,que investiga um caso conhecido na África do Sul como “Captura do Estado”.
O advogado sustentou que a comissão está a trataro ex-Presidente de forma injusta, como alguém que está acusado, aoinvésde ser considerado uma testemunha que pode contar a sua versão dos factos.
“As pessoas que aqui estão põem as suas vidas em risco”, destacou Sikhakhane.
O anúncio surge depois de, na passada quarta-feira, a equipa que defende Zuma ter pedido uma suspensão das declarações por discordar da linha com que estava a ser conduzido o inquérito ao ex-Presidente.
Durante mais de um ano, a comissão, presidida pelo vice-presidente do Tribunal Constitucional, Raymond Zondo, ouviu dezenas de ministros, deputados, empresários e altos funcionários da administração sobre os negócios considerados obscuros da era de Zuma no poder.
O ex-Presidente começou a testemunhar esta semana,afirmando-se vítima de “assassíniode carácter” e dizendo que as alegações fazem parte de uma conspiração internacional.
Jacob Zuma, 77 anos, é suspeito de conceder ilegalmente contratos públicos lucrativos e benefícios indevidos a uma família de empresários indianos de quem é próximo, os Gupta.
Paralelamente a esta investigação, Zuma está acusado num caso que envolve alegações de corrupção, lavagem de dinheiro e fraude relacionadas com um acordo de armas no valor de cerca de 14 milhões de randes (62,2 milhões de meticais) assinado no final dos anos de 1990.-(LUSA)