Domingo, 28 Abril, 2024
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BELAS MEMÓRIAS: Sempre os camiões de pedra!

Por admin-sn
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ANABELA MASSINGUE

A POPULAÇÃO da Matola-Gare, no município da Matola, vivia chorando. Chorava por vários motivos e parecia que ninguém jamais lhe daria ouvidos e muito menos a faria calar. Chorava pela situação precária da via principal que conecta a sede deste bairro à Estrada Nacional Número Quatro, passando pela zona de Tchumene II.

Mesmo chorando de olhos fechados, por temer a poeira, ela resistia às intempéries e fazia a vida acontecer, entre solavancos causados pelos buracos e crateras, nalgumas situações, no meio de charcos e poças de água, em dias chuvosos.

A sua vida era um autêntico calvário e andar por aquela zona era um exercício de coragem para qualquer um. Mas porque os residentes, principalmente, não tinham outra escolha para chegar aos seus destinos de forma confortável e sem danificar as suas viaturas, eram o sujeito principal daquela situação. Eles precisavam de se movimentar. Faziam das tripas o coração, levando a vida na medida do possível, porque o ideal e o melhor não fazia parte do seu vocabulário.

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Finalmente quem podia parar o choro desta população deu algum sinal, terraplanando a via e, mais tarde, colocando solo importado com pedra à mistura que mesmo endurecendo o piso, trazia um outro problema. Foi assim durante muito tempo e com algum jeito dado para os automobilistas, ao mesmo tempo que sufocava os residentes ao longo da via e/ou quem a usava a pé para chegar ao seu destino.

É que no lugar de aliviar, transformara-se num verdadeiro martírio e até certo ponto humilhação. Acredito que na altura ninguém, certamente, gostaria de estar na pele dos  que residem ao longo do troço e outros utentes que mesmo assim foram resilientes.

Finalmente, depois da tempestade, veio a bonança , com a asfaltagem este ano, deste troço, conferindo conforto e dignidade aos utentes, sobretudo aos sacrificados moradores ao longo da via. Estes deixavam assim de comer o pão amassado pelo diabo e com sabor à poeira, como inclusivamente diziam alguns.

O tapete está colocado e até dá gosto andar por lá . Mas o problema de camiões de transporte de inertes também está presente. Põem em causa a segurança dos condutores e das suas viaturas, bem como da via asfaltada, com a quantidade de pedra de construção que vão espalhando.

Uns com cobertura de fachada, pois as semi-lonas de protecção colocadas no veículo, muitas delas precárias, à medida que o camião imprime alguma velocidade, a acção do vento “ajuda” a espalhar a pedra pelo chão asfaltado.

Não acredito que estrada alguma resista a este tipo de pressão diária.

Precisa-se de fiscalização permanente nesta via para evitar a sua degradação precoce por transportadores de pedra de construção que circulam sem lonas em condições adequadas para o efeito.

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