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Terça-feira, 26 - Março, 2024

Cá da terra: Controlando a minha Maluquice (1)

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Osvaldo GêmoOsvaldoroque7103@gmail.com

Saí do serviço no horário habitual. É sexta-feira. Raramente acontece eu não ter programa, mas até então não tinha ideia do local onde iria tomar a “cervejinha” da ordem. Resolvi entrar na espelunca mais próxima. Afinal uma só não faz mal a ninguém.
Eu era, assim, mais um macho que se juntava à colecção que ali estava, apenas com a diferença de ainda estar lúcido. Seria apenas uma “cervejinha” e depois passaria o resto da noite numa esquina qualquer próximo de casa. Iria fazer  aproximação a zona.

Olhei para os lados e calhou que os demais também olhavam para mim, talvez a questionarem o meu estado de ebriedade. Não tardaria que estivéssemos todos comungados, mas até então dava para ir passeando a minha classe de bébado responsável.

Pedi a minha “cervejinha” e ainda servi uma rodada aos três tipos que estavam na mesa vizinha. Estava bem disposto e a carteira  também parecia recheada de algumas “azulinhas” e “vermelhinhas”, que pagar uma rodada não era desperdício.

Afinal aquele meu gesto seria o meu fim. O João e o José, mais àquele outro que parecia maricas, cujo nome acabei por não fixar, me entulharam  de bebida que quando dei por mim já estava sentado com os três, a conversar alto sobre tudo um pouco.

Falamos sobre mulheres, sobre futebol, aliás estava a passar um jogo qualquer na televisão, só me lembro que uma das equipas era o Real. Também falámos sobre o preço da ressaca e também da vida, que apesar de difícil, sempre continua. Não há como parar, não há como cansar. A bebedeira por vezes acaba por ser um refúgio para a dor de ver tudo a cair à tua volta ou de te terem tirado as asas quando estavas para levantar voo. O resto é sempre o res­to.

Pois! É mesmo assim. Não há nada para se fazer numa sexta-feira à noite, senão deixar a alma se espreguiçar, que ela vá e volte nas ondas etílicas.

Depois apaguei, só me recordo de, nalgum momento, ter perguntado pelo nome do servente que disse se chamar António. Era óbvio. Aprendi nessa estrada que os serventes ajudam-nos a reavivar a memória por entre os goles para tirar a ressaca.  

Quando acordei, estava numa famosa boate da cidade. As streepers bambaleavam e se entrelaçavam por entre os clientes.

Procurei os meus cigarros e acendi um. Fiquei curtindo o espectáculo. Afinal tinha acordado porque uma delas se esfregou em mim. Estava lixado. Afinal com que gente tinha eu me metido?

Vocês são uns bandidos. O que vem a ser isto? A dona “E” me mata, estou todo cheio de batom. Estou muito bêbado e se chegar à casa assim, minha mulher me põe para fora- tentei balbuciar.

Riram-se na minha cara. Foi quando compreendi que estava de facto lixado.

Chamei o servente e pedi um drink. Aquela mistela sabia mais a álcool, um daqueles baratos comprados no Estrela, contrafeito. Mesmo assim bebi. Precisava lavar a cara.

Paguei e minutos depois quando já estava a sair dou de caras com o Arsénio, um colega que há muitos dias não o via, de quem se dizia que andava perdido no álcool. Mais tarde vim a saber do servente António, que tinha sido ele que me arrastou para a maldita Boate. Afinal aquele era o seu mundo.

A streeper, aquela que tinha me acordado, veio para cima de mim. Rebolou, rebolou e sentou-e em cima de mim. João e José me olharam e sorriram. Foi quando o Arsénio apareceu. Eles já se conheciam. A streeper partiu. Estava enrolado numa teia.

Choveu mais bebida. Comecei a imaginar a ressaca e a dor de cabeça que sentiria. Mas primeiro tinha que me justificar a dona “E”. Sorri para eles, não sei porquê. Estava muito bêbado, mas conseguia ver o rosto do Arsénio, que de repente tornou-se no principal protagonista. Pagava a todos e a todas. Não parava de esbanjar, afinal acabávamos de receber.

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